Tentamos o tempo todo classificar os textos e autores em categorias e gêneros, não é verdade?
Colocando cada coisa em seus devidos lugares, como gavetas de um grande armário, a gente consegue se sentir mais seguro e entender melhor o que significa cada obra.
Mas você acha que os escritores organizam suas ideias em compartimentos antes de mostrá-las ao mundo? Duvido muito. Se fizessem isso, provavelmente elas não seriam tão ricas e genuínas.
Mesmo assim, vejo que a literatura tem a necessidade de classificar cada obra e autor em gêneros específicos, cada um na sua época e em seu movimento literário. Fica bonito para ensinar na aula de Literatura e de História, mas não faz sentido essa organização toda, e olha que pra uma virginiana falar isso, a coisa é séria!
Pensando nisso, lembrei da Clarice Lispector e do Luis Fernando Veríssimo, autores consagrados que até hoje desafiam a literatura a classificar seus textos. Suas obras estão nos Cem melhores contos brasileiros do século e, ao mesmo tempo, nas Cem melhores crônicas brasileiras. Como assim?
Tem gente que fica como barata tonta tentando classificar esses textos em categorias, sem ter sucesso. E pra que tudo isso se o que importa é o efeito que os textos geram nos leitores e nos próprios escritores?
Pra mim, esse efeito especial, tão difícil de descrever, que alguns textos causam em quem os lê é o que fica, é o legado desses escritores que conseguiram, muitas vezes sem planejar, tocar o coração das pessoas com poucas palavras.
Fica aqui toda a minha admiração aos escritores e obras que ousam ser inclassificáveis e que continuam fugindo das regras tocando corações e almas pelo mundo afora.
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