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O que aprendi revisando um livro


Não foi por acaso que escolhi a data de hoje para publicar este artigo: Dia Internacional do Livro.


Neste dia, quero falar sobre algumas coisas importantes que aprendi revisando um livro. Isso mesmo, revisando e não escrevendo. Nunca pensei que eu pudesse aprender tanto com esta experiência um tanto coadjuvante se comparada a escrever um livro.

Mas aprendi logo de cara que não se trata de mim, mas de outra pessoa, com outras crenças, com uma trajetória completamente diferente, criado duas gerações antes da minha, de outro país e com uma bagagem que espero que eu nunca carregue: a experiência da guerra.

O autor é um senhor educadíssimo e simpático, imigrante italiano que veio de uma das cidades que eu mais gostei de conhecer: Verona.

Ele acreditou tanto que a vida dele pudesse dar um livro que começou a gravar as suas histórias em fitas cassete há quase dez anos, tijolinho por tijolinho, lembrança por lembrança.

E agora estou aqui contando um pouco desta experiência, emocionada pela oportunidade de fazer parte dessa missão tão especial: deixar a história de uma pessoa registrada para sempre.

Em um dos nossos encontros, ele me disse uma frase que nunca vou esquecer: “agora estou tranquilo porque a minha história está preservada pra sempre”.

Quero compartilhar com você algumas lições que aprendi com a revisão deste livro:


Primeira lição: para revisar um livro, é necessário desapegar do ego, das suas opiniões e dos seus julgamentos. Não se trata do seu livro, mas do de outra pessoa e você não pode interferir em questões que não são suas.


Segunda lição: você nunca sabe para onde a revisão pode te levar. Quanto tempo vai durar o trabalho, se vai demandar edição além da revisão e mais alguns “detalhes” que escapam do controle, pelo menos dessa vez foi assim para mim.


Terceira lição: a revisão nunca acaba. Quanto mais você revisa, mais encontra coisas para revisar. É uma armadilha do perfeccionismo, não acha?


Quarta lição: está mais para uma experiência fantástica do que propriamente para uma lição. Eu nunca tinha conhecido um imigrante que se lembra dos detalhes da sua viagem para o Brasil. O que aconteceu no navio, quais eram as expectativas, os medos e o que eles viveram quando chegaram ao destino. Incrível!


Talvez a experiência seria parecida se eu apenas lesse o livro quando estivesse pronto, mas acredito que participar do processo de construção me deu mais intimidade com as histórias, além da sensação de ter participado diretamente da realização de um grande sonho de vida. Que sensação!


Quinta lição: conforme você vai escrevendo sobre as suas próprias histórias, você vai encaixando-as como peças de um quebra-cabeças. Aprendi, ao ver este corajoso autor escrevendo sobre a sua vida, que o legado mais rico que alguém pode deixar para a sua família e as pessoas queridas é o livro da sua vida.

Deixo aqui a minha homenagem a todos os profissionais envolvidos na elaboração de um livro, que fazem um trabalho extraordinário, mas que nem sempre são reconhecidos como deveriam ser.
Aplausos!
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